terça-feira, 24 de agosto de 2010

A Verdadeira Fonte


Muitas vezes me pego frustrado por não ter motivo ou inspiração pra escrever um texto bacana ou inteligente, até questionei ser um problema de falta de leitura, cultura ou coisas do tipo. Mesmo depois de me posicionar e ler mais, observar coisas de uma maneira mais artística ou ouvir músicas que me fazem mergulhar em lembranças e planos futuros ao mesmo tempo, olhar fotograficamente tudo o que passa diante dos olhos, forçar a cabeça revirando cada canto de coisas de onde realmente a inspiração não é esperada e de onde ela realmente não é encontrada, ou até pior, de onde ela jorra a ponto de chegar até seus pés de tanta informação que transborda e não se reter nada, e se reter, reter tanto a ponto de nem saber como traduzir isso para palavras. O incrível fato é que a real inspiração realmente está em lugares de onde menos se espera e em todos os outros lugares também.
Mesmo mergulhado em um tremendo "jejum forçado" de informações do tipo que eu estava acostumado a absorver, e fui privado por situações e escolhas da vida, acabei por ler um texto sobre o tema extremamente saturado e que bate de frente comigo todos os dias, ou madrugadas, que passo pelo centro da cidade de São Paulo. Os garotos, ou nem tanto, nas ruas usando crack. Não vou me aprofundar no tema "crack" ou "cracolândia", embora possa parecer bem egoísta ou até mesmo desrespeitoso falar desse tipo de problema e não se aprofundar, se é que alguns de vocês que estão lendo isso tem a literal moral pra me julgar por fazerem algum trabalho com esses garotos, garotas, homens, mulheres, senhores e senhoras usuários e dependentes. O que me chamou mesmo a atenção nos textos foi realmente a sensibilidade dos escritores, seja com palavras ou fotografias de um "fotógrafo iniciante" (como dito pelo próprio e modesto autor das fotos), e que me fizeram pensar em meus esforços em busca do conteúdo tão buscado para assim passar algo de bom para leitores escassos, e nem por isso sem qualidade. Além de redescobrir que me falta tempo para traduzir tanta informação e que não basta apontar minha máquina fotográfica e afundar o dedo no obturador captando assim uma sequência de imagens inúteis pra qualquer um, sem tirar, é claro, o mérito da fotografia que nos mostra coisas mesmo depois de muito tempo que foram registradas. Saber o que se está fotografando, passar para as lentes o que se quer fotografar, além da imagem que se vê, a imagem que se sente, a imagem que é fotografada antes pelos olhos sem se importar muito se o click saiu no momento certo às vezes, quase sempre, é bem instrutivo e satisfatório e pode exercitar a sensibilidade para a inspiração, que já não está somente nos seus pés, mas agora está te afogando e sendo ignorada ao mesmo tempo, como o que foi me passado por essas pessoas que escreveram sobre suas experiências no submundo da cidade. Isso me faz pensar no quanto não vivemos e não vemos nada perto do que nos é dado por Deus todos os dias a partir do momento que nossos olhos abrem, ou antes ainda, quando nossas lembranças nos trazem momentos bons ou ruins. Apesar de passar batido por ele, acho importante esse momento depois de abrir os olhos e antes de sair correndo dia a fora, esse momento de perguntar pra Deus como será o dia e dizer pra Ele não desistir de falar sempre comigo mesmo eu sendo ignorante pra não ouvir tudo. Além de importante, evita muitas atitudes precipitadas e impensadas, até nossos olhos se fecharem novamente.
Depois de perder o sono, checar o e-mail pelo celular (ainda estou sem internet), ler algumas coisas realmente usadas pra me despertar, ver fotos lindas, levantar no escuro, ir até a janela pra poder respirar melhor, tropeçar no tripé e quase derrubar a câmera que estava "colocada" no meio do quarto, sentar e escrever isso tudo, acho que realmente relembrei que se inspirar de onde se espera é a fonte para poder se inspirar de onde não se espera e a Fonte Inspiradora está sempre jorrando, o que nos falta (me falta) é ser sensível e humilde para mergulhar e beber Dela.

Os textos que li e as fotos que vi estão nos respectivos lincks:
A Cracolândia que você não vê:
http://talitaribeiro.posterous.com/a-cracolandia-que-voce-nao-ve#
Uma madrugada na cracolândia:
http://marcogomes.com/blog/2010/uma-madrugada-na-cracolandia
Deus te abençoe!

3 comentários:

Ju disse...

Muito bom ler seu texto. Um convite à reflexão.

Um convite pra um despertar, pra uma mudança que é primeiramente interna e extremamente pessoal, e depois acaba contagiando quem está por perto...

A vida é muito mais do que esse corre-corre medíocre que nos leva cá e lá todo dia...
Como isso tem "martelado" em minha mente d-a-r-i-a-m-e-n-t-e!
E seu texto vem assinar embaixo às (poucas) conclusões que tenho conseguido tirar diante da falta de "vida bem vivida" na minha existência...

Bjo!

J.Stefano ƸӜƷ disse...

É... como eu já disse... é bom te ler e refletir sobre o que escreve... se conseguirmos sempre focar nossa inspiração no alvo certo - Jesus - tudo fará mais sentido!
Bjs (chatinho)

Bianca disse...

Gostei da foto!
Nem errou na fonte... hauhauhau!